The walk

“Certa vez, numa das minhas incursões pela Vida, cheguei à bifurcação do Tempo e conheci um velho que estava sentado a meio do caminho. Aproximei-me dele e perguntei-lhe se ele sabia onde estava o Amor.
Ele olhou para mim com uma expressão letárgica durante algum tempo, virou-me as costas e continuou por um dos caminhos. Eu tomei a estrada da frente.
Passadas algumas pedras e grãos de areia, uma torrente de pessoas aproximou-se de mim, todas com a mesma expressão derrotista na face e, a todas, eu coloquei a mesma questão. A resposta era sempre a mesma.
Continuei o meu caminho, passada após passada, e encontrei o mesmo velho, vindo na direcção oposta à minha. Ele parou à minha frente e, com a súbita melancolia de quem se apercebe o final de Tudo diz-me numa voz sussurrante e rouca: “Ninguém o viu...” e continuou o seu caminho.
Agora, que caminho sozinha sobre as pedras deste chão pardacento, um grito ecoa cá de dentro: “Não! Não! O caminho é por ali!”


Para ti, minha bonequinha, porque esta é a história que sempre contaremos ao Mundo. O caminho, sim, é por ali .